MATERIA DE CAPA

Empresa não pode limitar tempo no banheiro

A Contax, uma empresa de telemarketing de Minas Gerais, encontrou uma maneira incomum de fazer com que a produtividade em seu setor de telemarketing aumentasse: proibiu os funcionários de passarem mais do que cinco minutos no banheiro, segundo está exposto em uma decisão recente do TST (Tribunal Superior do Trabalho).

Se a ida ao banheiro fosse um pouco mais "complicada", os funcionários poderiam ficar mais tempo, desde que pedissem autorização com antecedência ao seu chefe.

Mesmo para aliviar a bexiga em uma rápida passada pelo mictório, havia hora marcada, e tudo ia parar na planilha do computador. A empresa tinha, então, um relatório dos procedimentos intestinais e urinários de seus trabalhadores.

Em 2007, um deles, porém, não gostou da conduta e entrou na Justiça. Depois de dois anos de processo, ele conseguiu o direito de receber R$ 6.000 em indenização por assédio moral.

Durante o processo judicial, o supervisor da vítima chegou a admitir a existência do limite de tempo de cinco minutos, que somente podia ser extrapolado se o empregado pedisse autorização antecipada ou a comunicasse posteriormente, mediante justificativa. Ele disse, ainda, que toda pausa dos empregados de telemarketing era registrada em um sistema eletrônico.

Só no TST, a última instância trabalhista do país, há cerca de 900 ações contra a Contax. A empresa tem aproximadamente 75 mil funcionários.

Na decisão sobre o limite de tempo para ir ao banheiro, o tribunal faz críticas contra os procedimentos da Contax. Para os ministros do TST, a prática da empresa é uma "privação desumana e degradante, agravada pelo risco de os empregados virem a apresentar problemas de saúde".

O Agora entrou em contato com a Contax, mas não obteve uma resposta até a conclusão desta edição. O funcionário que entrou com a ação também pediu para não ser identificado. (Vinícius Segalla do Agora SP)