sexta-feira, 19 de junho de 2009

MATERIA DE CAPA

'Pirataria' cresce como causa

Enquanto leis mais repressivas surgem para tentar coibir downloads ilegais, movimentos e organizações políticos nascidos na rede começam a ganhar fôlego também no intuito de lutar contra o endurecimento da lei. Aos poucos, o compartilhamento de arquivos ganha tons políticos.

Mas ninguém esperava a notícia da semana passada, quando, nas eleições para as 18 cadeiras no Parlamento Europeu a que a Suécia teria direito, o Partido Pirata foi eleito pela primeira vez. Não com apenas uma, mas duas cadeiras - e com 7,4% dos votos.

Nascido em 2006, o partido já conta com 32 mil filiados, tem como principal ideal “reformar o copyright” e ganha força proporcional às medidas repressoras que tomam contam da web do país. Em fevereiro, quando os criadores do site de torrents PirateBay foram condenados à prisão, o partido dobrou o número de filiados - na época ainda foi aprovada uma lei para vigiar internautas.

Para Pedro Mizukami, especialista em direito autoral da FGV, o comportamento mudou com o tráfego livre de informações e cultura da web. “E quando ameaçam tirar isso, as pessoas veem que começa a mexer com elas. Por isso se politizam. E isso deve se expandir para outros temas como direito à informação, educação, telecomunicações.”

REPERCUSSÃO

JOSÉ VAZ, coordenador da diretoria
de direitos intelectuais do Ministério da Cultura

“É uma saída equivocada, como foi na França”, diz Vaz, que lembra que o Ministério está há dois anos mediando audiências com artistas, consumidores, indústria cultural e provedores. Até o fim do ano, deve ser apresentada uma proposta de mudança na lei de direitos autorais. “A melhor saída não é a repressão. A ideia é fazer um novo pacto. As pessoas mudaram o comportamento com relação ao consumo de entretenimento. Tentamos aproveitar isso, em vez de reprimir, para estimular novos modelos de negócios”. Segundo ele, o PL 5361/2009 “vai no sentido oposto a isso.”

OMAR KAMINSKI,
especialista em direito digital

“Ele não defende o fim do direito autoral, mas diz que PL 5361/2009 não resolve. “Punir é antipático. É preciso novas opções. Poderia haver softwares, games online, coisas que as pessoas não precisassem baixar. Enfim, novos modelos de negócios.”

EDUARDO PARAJO,
presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet)

“O monitoramento completo do tráfego na internet pelos provedores teria um alto custo; apesar de não ser algo simples de fazer, tampouco seria impossível. Porém, Parajo questiona a constitucionalidade do projeto, que poderia acabar com a privacidade online. “Não sou advogado, mas o Brasil já tem uma lei rígida de direitos autorais. A sociedade deveria ficar preocupada porque, do jeito que estamos indo, vamos nos tornar um país muito próximo (do controle rígido) da China e de Cuba. Nós vamos deixar de ser provedores para virar polícia”, diz.
(Jornal da Tarde - Rodrigo Martins)

4 comentários:

Anônimo disse...

ótimo texto. Parabéns pela postagem.
Confesso que, como produtor audiovisual, tendo a pensar que deve se haver um meio termo . É importante que o conteúdo audiovisual seja exibido e disseminado. Mas não gosto da idéia de pessoas ganhando dinheiro com o trabalho dos outros. Ou seja, sou a favor de se poder baixar conteúdos da internet, mas sou contra vendê-los.

Há braços
Paulo Montanaro
Blog Pensando Imagem e Som

Anônimo disse...

olha, há vários pontos pra se analisar ai.. sinceramente eu sou a favor dos downloads pela net, mas sei o quanto o artista dá um duro danado pra gravar durante dias, ensaiar, tals,, e quando finalmente todo o seu trabalho vai pra venda, vem um safado, faz uma copia barata e vende kilos.. o que pesa nessas horas sempre é o peso, afinal, nem todo mundo pode dar 30 reais num CD, por isso prefere as alternativas mais baratas, apesar de ser menor a qualidade.. enfim, tem o lado do artista e o lado do pobre coitado que nao tem grana mas que nao pode ficar fora do mercado fonográfico. há muito o que analisar.. acho que vou me filiar nesse partido :D

Bill Falcão disse...

Acho que tem coisa mais importante pros senadores e deputados discutirem, Wagner!
Mas, como sempre, ele escolhem as coisas sem importância!
Aquele abraço!

KA disse...

Fantástico. É um moviemnto mundial e deve gerar polêmica e discussões. É preciso rever os conceitos da sociedade capitalista!
Abs