Música social
Cada vez mais compartilhada, a música mudou hábitos e a internet; mas a lei não acompanha a mudança
Nunca se fez tanta música quanto hoje. As possibilidades abertas a quem não tinha recursos ou técnica para fazer música permitiram que gerações inteiras finalmente pudessem produzir sua própria trilha sonora.
Seja criando música nova, remixando hits do passado ou regravando velhas canções, pessoas de diferentes faixas etárias se descobriram artistas e puderam finalmente reconhecer-se como músicos, independentemente de profissionais ou amadores. Mais: com a internet, essa produção passou a ser ouvida por gente que não tinha outros canais senão o rádio, o show e a loja de discos para descobrir e curtir música nova.
Ao mesmo tempo, nunca se ouviu tanta música quanto atualmente. A mesma rede que permitiu que músicos finalmente tivessem acesso direto a seu público fez que cada vez mais pessoas ouvissem cada vez mais música.
Hábitos como garimpar raridades, gravar fitas cassetes (ou CD-R) com músicas escolhidas a dedo e até mesmo manter uma coleção de discos foram acelerados pela rede de tal forma que, no fim das contas, praticamente foram reinventados.
Em vez de prateleiras, falamos em gigabytes; disco raro é aquele que nunca saiu da casa - ou da cabeça - de seu autor.
Assim, aos poucos, um termo técnico que designa a forma de adquirir um arquivo digital da rede tornou-se praticamente sinônimo de música nesta década: o download. Graças à popularização do MP3, iniciada há exatos dez anos, baixar música virou uma atividade rotineira e um hábito típico de nossos tempos.
Mas esse monte de gente produzindo e ouvindo música não está isolada diante de seus computadores ou em seus fones de ouvido, mesmo porque isso não é novidade - o marco zero deste isolamento musical, a invenção do walkman, faz trinta anos neste mês.
E o mesmo ponto de partida para a música digital como a conhecemos - a criação do Napster, o primeiro software de compartilhamento de arquivos sonoros digitais - também deu origem a um novo jeito de se ouvir música.
Se o rádio, a loja de disco e a gravadora aos poucos se tornam obsoletos, a rede oferece opções que vêm sendo abraçadas por milhões de pessoas, que estão descobrindo músicas e mostrando-as umas às outras.
O download ilegal ainda é um problema no que tange os direitos autorais e várias iniciativas têm insistido em punir uma prática que já é corriqueira.
Numa época em que ouvir música torna-se uma atividade cada vez mais social, resta achar uma solução que recompense quem produz mas que não puna quem ouve. (Jornal da Tarde - Alexandre Matias)
Um comentário:
Eu não vivo bem baixar músicas há um certo tempo. É verdade que tem esses dois lados, o bom, que disponibiliza todo tipo de música para todo tipo de gente, e o ruim, que tira os direitos autorais de quem precisa deles. Espero que encontrem uma solução que agrade os dois lados, mas acho difícil.
Abraço!
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