COMPORTAMENTO

Mulheres adultas aderem à moda das calcinhas 'fofas'

Foi-se o tempo em que as lingeries de algodão eram apenas sinônimo de conforto e ficavam restritas às noites de sono de jovens desacompanhadas. Cada vez mais, mulheres - adultas, diga-se de passagem - deixam de lado a tradicional renda vermelha e investem nas peças "fofinhas", que quase beiram o infantil.

Hoje em dia, mulheres que buscam conforto não precisam mais recorrer às famosas calcinhas gigantes beges, imortalizadas pela personagem de Renée Zellweger no filme "O Diário de Bridget Jones", baseado no livro homônimo de Helen Fielding. Com as lingeries de algodão, mais indicadas para manter a saúde íntima feminina que as de tecidos sintéticos, é possível aliar conforto e charme.

As opções são variadas e disputam espaço com as lingeries tradicionais nas lojas de departamento. Mas também há marcas específicas nesse segmento, como a Puket, que recentemente lançou a campanha "Tá Chato?", que prega o fim da monotonia nas peças íntimas, e as da estilista Thais Gusmão, que fazem uma releitura moderna do estilo pin-up.

Adepta convicta das calcinhas coloridas, a fonoaudióloga Mariana Souza Machado, 26 anos, fez um estoque dos modelos tupiniquins antes de partir para um intercâmbio nos Estados Unidos. "Diziam que as calcinhas de lá ou eram muito grandes ou muito pequenas. Então eu comprei mais algumas e levei todas que eu tinha, em torno de 40", conta.
A produtora de eventos Ludmila Simidamore, 25 anos, usa calcinhas 'fofinhas' há pelo menos seis anos, quando, ironicamente, já deixava a adolescência. "Gostos das estampas de listras, bolinhas, estrelinhas e das coloridas", conta. "Tenho até uma da Hello Kitty, só que essa ninguém vê!", brinca.

Segundo Juliana Vaie, responsável pelo departamento de Estilo e Criação da Puket, o estado de espírito da mulher se reflete no tipo de lingerie que ela usa. "Não acreditamos que exista uma faixa etária certa para vestir as calcinhas divertidas. A mulher acorda de bom humor e acaba querendo colocar por baixo da roupa uma peça que transmita esse momento", analisa.

A gerente de estilo das Lojas Renner, Constanza Pedrassani, concorda: "a gente cria essa linha para um público mais jovem, porém, algumas mulheres maduras têm esse momento lúdico e usam peças mais casuais, com lacinhos, corações, florzinhas, petit poá (bolinhas). Essas mulheres, que também usam lingerie com renda, eventualmente têm essa fase descontraída", afirma.

O que eles acham? - Sucesso entre muitas mulheres, nem sempre as calcinhas 'fofas' agradam os seus parceiros. "Prefiro lingeries que deixam a mulher com cara de mulher. Peças temáticas do tipo infantil não me animam muito", afirma o analista de negócios e serviços Daniel Dalla Rosa Silveira, 26 anos.

A opinião é compartilhada pelo auxiliar administrativo Fabiano da Silva Coelho, 27 anos. "Particularmente prefiro as mais tradicionais, mas sempre com um toque mais ousado, principalmente no que diz respeito ao tamanho e o desenho da lingerie", comenta.

Quem usa esse tipo de peça afirma que nunca teve problemas com parceiros, apesar de ter curingas reservados para momentos especiais. "Até agora, nenhum namorado reclamou das calcinhas de algodão, somente do tamanho de algumas. De qualquer forma, tenho calcinhas pretas e menorzinhas, que acabo usando quando estou namorando", conta Mariana.

As mulheres, no entanto, não devem se preocupar: na internet, muitos homens declaram a sua preferência pelas calcinhas fofas. Um exemplo é o designer de comunicação Guilherme Blanco, 24 anos, proprietário da comunidade no Orkut "Adoro mina de calcinha fofa", que reúne mais de oito mil membros.
"Sempre tive fetiche por mulheres que usam uma bela lingerie. Mas achava que sempre estava tudo muito igual. No final do século 20, houve grandes novidades tecnológicas nos materiais e na execução. E com o aparecimento de novos designers, veio a idéia de trazer do público infantil a brincadeira de aplicar cores, ilustrações e estampas nos tecidos", explica.

Blanco concorda que as lingeries divertidas refletem a personalidade de quem as usa. "Cada mulher tem um estilo de se vestir, vai muito pelo gosto e por sua atitude. Uma mulher executiva, 'séria', não combinaria com uma lingerie toda colorida ou cheia de desenhos", pondera. (Diário OnLine)