quinta-feira, 12 de março de 2009

SAIBA +

"CINCO PERGUNTAS PARA..."

Pasquale comenta o Acordo no mundo dos carros

Reforma muda grafia de "para-choque" e "para-brisa"; vocabulário não muda
por LUÍS PEREZ
Na primeira semana do ano, uma amiga que trabalha como assessora de imprensa de uma montadora telefonou para este repórter, perguntando como ficaria a grafia de várias palavras com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Não são poucas as palavras do universo automobilístico afetadas.
Resolvemos então perguntar a uma autoridade no assunto, o professor Pasquale Cipro Neto, que também é um declarado apaixonado por automóveis. A seguir, nossa conversa.

O que o novo Acordo Ortográfico muda na grafia de palavras do universo automobilístico? Como ficam agora termos como "pára-brisa", "pára-choque", entre outros?

Pasquale Cipro Neto - Essas palavras passam a "para-brisa" e "para-choque", respectivamente. O único caso de "para" (forma verbal) que perde o hífen é o de "paraqueda" (e "paraquedista" etc.).

IM - Na frase "O trânsito sempre pára nesse horário", o acento diferencial fica ou sai? Nesse capítulo não tem como escapar da decoreba?

Pasquale - Lamentavelmente, o acento cai. É um dos absurdos do Acordo. Não há como escapar da decoreba, não. É preciso pôr na cabeça que este cai, aquele não cai etc.

IM - Será que vai ter gente fazendo bobagem? Por exemplo, tirando o trema de Citroën?

Pasquale - Certamente. Até a ABL [Academia Brasileira de Letras] anda fazendo bobagem (a ABL publicou um "Dicionário Escolar" em cuja primeira edição há uma série de problemas). Quanto ao trema, ele fica nas palavras estrangeiras.

IM - O Acordo aproxima ou distancia Portugal do Brasil? Afinal, lá rodas são chamadas de jantes, freios, de travões e compartimento do motor, de cofre... Ou em termos de vocabulário nada muda?

Pasquale - O Acordo só mexe na ortografia, portanto os portugueses vão continuar chamando as rodas de jantes, e nós vamos continuar chamando as jantes de rodas.

IM - As agências de publicidade já disseram que só vão adotar as mudanças quando a nova ortografia estiver mais consolidada, via meios de comunicação. Todo mundo pode fazer isso?

Pasquale - Até 31 de dezembro de 2012, ninguém precisa seguir a nova ortografia. O ideal seria, no mínimo, esperar a publicação do Vocabulário Ortográfico, que a ABL promete para o fim de fevereiro. Na minha comunicação pessoal, não adotei e só vou adotar na madrugada de 1º de janeiro de 2013, se os diabos não me tiverem carregado deste mundo.

(INTERPRESSmotor)

Nenhum comentário: