terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

OPINIÃO

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"Represálias da Universal à imprensa unem veículos de comunicação
Por Thaís Naldoni/Redação Portal IMPRENSA
Jornais como Estadão e O Globo noticiam e comentam ações contra a Folha de S.Paulo e o Extra impetradas pela Universal do Reino de Deus
Ao apurar e redigir a matéria "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", a jornalista Elvira Lobato, da Folha de S.Paulo, não poderia imaginar a que ponto chegaria as retaliações da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) - e de seu bispo máximo, Edir Macedo - contra ela e o jornal para o qual escreve, que vão de ações em série na Justiça, a grande parte de um programa no horário nobre da TV Record, o "Domingo Espetacular".
No texto, a repórter especial Elvira Lobato mostra, entre outras coisas, um levantamento dos bens da Iurd: são 23 emissoras de TV, 40 de rádio, somadas a 19 empresas registradas em nome de 32 bispos ou seguidores da Igreja. Entre tais empresas, estão dois jornais diários, duas gráficas e uma empresa de táxi aéreo.
Na noite do último domingo (17), a TV Record exibiu longa matéria em seu programa dominical, veiculado em horário nobre, para criticar a reportagem da Folha, através de entrevistas com advogados e fiéis da Universal, além de justificar as ações por danos morais contra o jornal e a repórter, impetradas nos cantos mais longínquos do país e ao mesmo tempo. Segundo a matéria da Record - também ligada à Universal - os autores das ações estariam sendo humilhados após a publicação da matéria da Folha.
Não só o diário paulistano foi lembrado. O jornal O Globo, do Rio de Janeiro, também foi citado na matéria, porque usou a palavra "seita" para definir a Universal. Para refutar o jornal, o programa da Record ouviu um historiador, que classificou o termo como pejorativo, com o auxílio da definição da palavra pelo dicionário Houaiss.
Em matéria publicada nesta segunda (18), de título "Universal usa a Record para atacar a imprensa", O Globo se defende. "Contrariando a versão defendida pelo historiador e os três fiéis citados, o dicionário não classifica o termo como ofensivo e mostra que a palavra seita, na antiga literatura romana e précristã, designava partido ou escola filosófica".
"Ganancioso empresário bem-sucedido"
Ainda nesta segunda-feira (18), o editorial do jornal O Estado de S.Paulo também abordou o tema. Sob o título de "Empresário quer intimidar a imprensa", o texto lembra as ações por dano moral ajuizadas contra a Folha de S.Paulo e o Extra. "O que chama atenção nessas ações de dano moral não é o baixo valor das indenizações pleiteadas (que variam de R$ 1 mil a R$ 10 mil) nem a falta de fundamento nas justificativas, mas, sim, a estratégia utilizada pelo empresário [Edir Macedo] para intimidar jornais e jornalistas".
Além disso, o Estadão mostra a forma como foram ajuizadas as ações, como forma de dificultar a defesa de jornais e jornalistas. "As ações contra o Extra foram ajuizadas não na cidade onde está a sede da empresa, mas em distintas comarcas do interior do Estado do Rio de Janeiro. Os processos contra a Folha foram protocolados em lugares ainda mais distantes - quase todos situados a cerca de 200 quilômetros da capital de diferentes unidades da Federação. E embora as ações sejam individuais, quase todas as petições apresentam textos idênticos, deixando clara a existência de uma ação orquestrada".
O fato é que dezenas de ações, espalhadas pelos quatro cantos do país, obrigam o jornal a contratar advogados em todos os lugares onde ocorrem os processos e isso, obviamente, aumenta as custas processuais.
O Estado de S.Paulo comemora o fato de os magistrados já terem identificado a manobra da Universal. Em alguns casos, a ação sequer foi acolhida. Em Mato Grosso do Sul, um fiel já foi condenado por má-fé. "Com decisões como essa, a Justiça está tratando o querelante como o que ele realmente é - um ganancioso empresário bem-sucedido - e não como o pastor evangélico caluniado pelos inimigos da sua igreja, que é como ele se apresenta", finaliza o texto.
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